terça-feira, 3 de novembro de 2015


O seguinte fichamento foi retirado do texto:  Uma polemica em relação ao exame de  Ángel Díaz Barriga. Ao estudar o texto foi visto que o exame e uma pratica desnecessária, pois não leva a aprendizagem, e que são muitos os fatores para se ter um bom processo de aprendizagem, como por exemplo, a administração escolar, estrutura física da escola, o reconhecimento do trabalho dos professores e alunos também. 


UMA POLÊMICA EM RELAÇÃO AO EXAME – Ángel Díaz Barriga (FICHAMENTO)


“Estas justificativas criam novos fetiches pedagógicos que se caracterizam por sua debilidade conceitual, como no caso de termos como “qualidade da educação”. Por outro lado, são estabelecidos instrumentos que legalizam a restrição à educação: este é o papel conferido ao exame (…) o exame não indica realmente qual é o saber de um sujeito.”                                                                               
                                                                                            (Barriga, 2003 pg.54)
  Muitos acreditam que o exame e um elemento necessário para a educação, porem muitos estudos da área dizem ser falsa esta afirmação. Existem varias  evidências de que antes da Idade Média não existia um sistema de exames ligado a prática educativa. A atribuição de notas ao trabalho escolar é uma herança do século XIX à pedagogia, uma herança que vem trazendo uma serie de problemas.

Quando a sociedade não pode resolver problemas de ordem econômica (definição de orçamentos), de ordem social (justiça na distribuição de satisfações), de ordem psicopedagógica (conhecer e promover os processos de conhecimento de cada sujeito) transfere esta impotência para uma excessiva confiança em “elevar a qualidade da educação”, só através de racionalizar o uso de um instrumento: o exame.”

(BARRIGA, 2003 pg 56)
                                                          
O exame é somente um instrumento que não pode por si mesmo resolver os problemas gerados em outras  interesses sociais Não pode ser valido quando a estrutura social não e; não pode melhorar a qualidade da educação quando existe uma drástica limitação de informação e os docentes se encontram mal pagos; não pode melhorar os processos de aprendizagem dos estudantes quando não se atende nem à adaptação mental dos docentes, nem ao estudo dos processos de aprender de cada sujeito, nem a uma análise de suas condições materiais. Todos estes problemas, e muitos outros que concentram sob o exame, não podem ser resolvidos favoravelmente só através deste instrumento.


“O exame deixou de ser um aspecto do método ligado à aprendizagem. Por outra parte, “perverteu” a relação pedagógica ao centrar os esforços de estudantes e docente apenas na certificação. (…) Assim, quando o exame era parte do método, tinham que resolver todos os problemas de aprendizagem através de diversas tentativas metodológicas. Com o aparecimento de novas funções do exame: certificar e promover, quando existe uma dificuldade de aprendizagem, os professores e as instituições (caso do exame departamental) aplicam exames.”
(BARRIGA, 2003 pg 61)

Se for feita uma revisão cuidadosa na história da educação nota-se que em muitas práticas pedagógicas não existiu nada similar aos exames. Pode-se ver  que o  exame está ligado diretamente ao método. O exame seria a última opção de método que pode ajudar a aprender. Portanto, através do exame não se decide nem a promoção do aluno nem sua nota. Quando o aluno não aprende, e recomendado que o professor revise seu método. Ainda assim, explicitamente indica que o aluno não deve ser castigado, porque criaria uma aversão ao estudo.


“O exame, desta maneira, não só esconde sob seu reducionismo técnico uma infinidade de problemas, mas só inverte as relações sociais e as apresenta só numa dimensão pedagógica e inverte os aspectos metodológicos para apresentá-los numa dimensão de eficiência técnica, mas que, também, se conforma historicamente como um instrumento ideal de controle.”
(BARRIGA, 2003  pg 63)


Por trás da pedagogia do exame existem vários problemas, alguns deles seriam o fato de se tratar de uma pedagogia articulada em função de certificações, descuidando da formação, processos cognitivos e da aprendizagem, e passe a ser um instrumento de controle.


A construção de provas de inteligência(BINET, 1905) constituiu um enclave privilegiado para justificar as diferenças sociais apresentando-as apenas como individuais. Através do conceito de coeficiente intelectual se reduziu o problema da injustiça social a uma dimensão biologista. A sociedade fica liberada dos problemas éticos que criam a injustiça quando pode mostrar que as diferenças sociais são unicamente o resultado das diferenças biológicas.”

(BARRIGA, 2003 pg 64; grifos meus)


Os exames vem com o objetivo de medir a inteligência, podendo assim justificar as diferenças sociais , onde que sabe mais, ou seja teve maiores notas na escola, tem uma condição de vida econômica mais elevada, deixando de lado a parte da sociedade que vive na miséria, que as culpam por não terem melhores notas. 

 (BARRIGA, 2003 pg 63)


“São os princípios da administração científica os que utilizam o termo controle. Na evolução de seu manejo, este termo conforma um mais sutil, porém igualmente efetivo: Avaliação. A substituição de um por outro se deve à necessidade de utilizar um termo neutro (avaliação) que reflita uma imagem acadêmica e simultaneamente possibilitar a ideia de controle.”
(BARRIGA, 2003 pg 72)

Seja qual for o termo que se utiliza para identificar o que e  avaliação, ela sempre terá o mesmo objetivo, estas substituições de nomes, como por exemplo, de exame para teste e logo após para avaliação, se deram apenas para que fosse passada a ideia de um termo que possa poça mostrar a avaliação como uma imagem academia e ao mesmo tempo uma forma de controle.  

“ Os professores só preparam os alunos para resolver eficientemente os exames e os alunos só se interessam por aquilo que representa pontos para passar no exame. O exame moderno (com seu sistema de notas) se converteu, de fato, num instrumento adequado para a perversão das relações pedagógicas. Esta não se prende mais ao desejo de saber. (…)
Frequenta-se a escola para obter notas...”
                                                                                        (BARRIGA, 2003 pg 77)

Hoje nas escolas os alunos são preparados, por seus respectivos professores, para resolver apenas os exames, ou seja, os alunos procuram aprender, e o pior decorar, apenas o conteúdo que ira precisar para realizar o exame e ter sua nota. Os alunos de hoje não são mais instigados a obterem o deseja de saber, só este ira resolver o problema da aprendizagem. 

“ Piaget nunca tentou atribuir números aos processos cognitivos de um sujeito; ele percebeu que o problema era descrever e compreender os estágios e sua evolução e não qualificá-los.”
                                                                                        (BARRIGA, 2003 pg 82)

Deveria ser seguido aquilo que Piaget estudou, onde não se pode atribuir notas a evolução dos processos cognitivos de um individuo e sim procurar entender este processos, para ver a melhor forma de se passar o conhecimento.

“Tampouco a contratação de quem terminou seus estudos depende de suas notas, pois, tal como mostram diversas teorias econômicas- mercado segmentado, conflitos pelo status, correspondência- a obtenção de um emprego obedece a fatores totalmente independentes do processo escolar.”
                                                                             (BARRIGA, 2003 pg 82)
                                                
                                                  As notas que adquirimos em nossa vida acadêmica não ira importar para o mercado de trabalho, este vai querer absolver de você os conhecimento que atribuiu para exercer sua função no mercado.

“Podemos concluir que a pedagogia, ao preocupar-se tecnicamente com os exames e notas, caiu numa armadilha que a impede de perceber e estudar os grandes problemas da educação.”
                                                                                                    (BARRIGA, 2003 pg 82)

A excessiva busca de melhorar o individuo melhorando suas notas, fez com que a pedagogia fechasse os olhas para perceber as diferentes formas de inteligência de cada individuo, e assim tentar resolver os problemas da educação. 




Referencia bibliográfica:

BARRIGA, Angel Diaz. Uma polêmica em relação ao exame. In:ESTEBAN, Maria Teresa (Org.). Avaliação: uma pratica em busca de novos sentidos. 5.Ed.Rio de janeiro: DP&A,2003,p.51-82.


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