O seguinte fichamento foi retirado do texto: Uma polemica em relação ao exame de Ángel Díaz Barriga. Ao estudar o texto foi visto que o exame e uma pratica desnecessária, pois não leva a aprendizagem, e que são muitos os fatores para se ter um bom processo de aprendizagem, como por exemplo, a administração escolar, estrutura física da escola, o reconhecimento do trabalho dos professores e alunos também.
UMA POLÊMICA EM RELAÇÃO AO EXAME – Ángel Díaz Barriga (FICHAMENTO)
“Estas justificativas criam novos fetiches
pedagógicos que se caracterizam por sua debilidade conceitual, como no caso de
termos como “qualidade da educação”. Por outro lado, são estabelecidos
instrumentos que legalizam a restrição à educação: este é o papel conferido ao
exame (…) o exame não indica realmente qual é o saber de um sujeito.”
(Barriga, 2003 pg.54)
Muitos acreditam que o exame e um elemento
necessário para a educação, porem muitos estudos da área dizem ser falsa esta
afirmação. Existem varias evidências de que antes da Idade Média não
existia um sistema de exames ligado a prática educativa. A atribuição de notas
ao trabalho escolar é uma herança do século XIX à pedagogia, uma herança que
vem trazendo uma serie de problemas.
“Quando a sociedade não pode resolver problemas de ordem econômica
(definição de orçamentos), de ordem social (justiça na distribuição de
satisfações), de ordem psicopedagógica (conhecer e promover os processos de
conhecimento de cada sujeito) transfere esta impotência para uma excessiva
confiança em “elevar a qualidade da educação”, só através de racionalizar o uso
de um instrumento: o exame.”
(BARRIGA, 2003 pg 56)
O exame é somente um instrumento que não pode
por si mesmo resolver os problemas gerados em outras interesses sociais Não pode ser valido quando a estrutura social
não e; não pode melhorar a qualidade da educação quando existe uma drástica
limitação de informação e os docentes se encontram mal pagos; não pode melhorar
os processos de aprendizagem dos estudantes quando não se atende nem à
adaptação mental dos docentes, nem ao estudo dos processos de aprender de cada
sujeito, nem a uma análise de suas condições materiais. Todos estes problemas,
e muitos outros que concentram sob o exame, não podem ser resolvidos
favoravelmente só através deste instrumento.
“O exame deixou de ser um aspecto do método
ligado à aprendizagem. Por outra parte, “perverteu” a relação pedagógica ao
centrar os esforços de estudantes e docente apenas na certificação. (…) Assim,
quando o exame era parte do método, tinham que resolver todos os problemas de
aprendizagem através de diversas tentativas metodológicas. Com o aparecimento
de novas funções do exame: certificar e promover, quando existe uma dificuldade
de aprendizagem, os professores e as instituições (caso do exame departamental)
aplicam exames.”
(BARRIGA, 2003 pg 61)
Se for feita uma revisão cuidadosa na história da
educação nota-se que em muitas práticas pedagógicas não existiu nada similar
aos exames. Pode-se ver que o exame está ligado diretamente ao método. O
exame seria a última opção de método que pode ajudar a aprender. Portanto, através do exame não se decide nem a promoção do aluno nem sua
nota. Quando o aluno não aprende, e recomendado que o professor
revise seu método. Ainda assim, explicitamente indica que o aluno não deve ser
castigado, porque criaria uma aversão ao estudo.
“O exame, desta maneira, não só esconde sob
seu reducionismo técnico uma infinidade de problemas, mas só inverte as
relações sociais e as apresenta só numa dimensão pedagógica e inverte os
aspectos metodológicos para apresentá-los numa dimensão de eficiência técnica,
mas que, também, se conforma historicamente como um instrumento ideal de
controle.”
(BARRIGA, 2003 pg 63)
Por trás da pedagogia do exame existem vários problemas, alguns deles
seriam o fato de
se tratar de uma pedagogia articulada em função de certificações, descuidando
da formação, processos cognitivos e da aprendizagem, e passe a ser um
instrumento de controle.
“A
construção de provas de inteligência(BINET, 1905) constituiu um enclave
privilegiado para justificar as diferenças sociais apresentando-as apenas como
individuais. Através do conceito de coeficiente
intelectual se reduziu o problema da
injustiça social a uma dimensão biologista. A sociedade fica liberada dos
problemas éticos que criam a injustiça quando pode mostrar que as diferenças
sociais são unicamente o resultado das diferenças biológicas.”
(BARRIGA,
2003 pg 64; grifos meus)
Os exames vem com o objetivo de medir a
inteligência, podendo assim justificar as diferenças sociais , onde que sabe
mais, ou seja teve maiores notas na escola, tem uma condição de vida econômica
mais elevada, deixando de lado a parte da sociedade que vive na miséria, que as
culpam por não terem melhores notas.
(BARRIGA, 2003 pg 63)
“São os princípios
da administração científica os que utilizam o termo controle. Na evolução de
seu manejo, este termo conforma um mais sutil, porém igualmente efetivo: Avaliação. A substituição de um por outro se deve à
necessidade de utilizar um termo neutro (avaliação) que reflita uma imagem
acadêmica e simultaneamente possibilitar a ideia de controle.”
(BARRIGA, 2003 pg 72)
Seja qual for o termo que se utiliza para
identificar o que e avaliação, ela
sempre terá o mesmo objetivo, estas substituições de nomes, como por exemplo,
de exame para teste e logo após para avaliação, se deram apenas para que fosse
passada a ideia de um termo que possa poça mostrar a avaliação como uma imagem
academia e ao mesmo tempo uma forma de controle.
“ Os
professores só preparam os alunos para resolver eficientemente os exames e os
alunos só se interessam por aquilo que representa pontos para passar no exame.
O exame moderno (com seu sistema de notas) se converteu, de fato, num
instrumento adequado para a perversão das relações pedagógicas. Esta não se
prende mais ao desejo de saber. (…)
Frequenta-se
a escola para obter notas...”
(BARRIGA,
2003 pg 77)
Hoje
nas escolas os alunos são preparados, por seus respectivos professores, para
resolver apenas os exames, ou seja, os alunos procuram aprender, e o pior
decorar, apenas o conteúdo que ira precisar para realizar o exame e ter sua
nota. Os alunos de hoje não são mais instigados a obterem o deseja de saber, só
este ira resolver o problema da aprendizagem.
“ Piaget
nunca tentou atribuir números aos processos cognitivos de um sujeito; ele
percebeu que o problema era descrever e compreender os estágios e sua evolução
e não qualificá-los.”
(BARRIGA, 2003 pg 82)
Deveria ser seguido aquilo que Piaget estudou,
onde não se pode atribuir notas a evolução dos processos cognitivos de um
individuo e sim procurar entender este processos, para ver a melhor forma de se
passar o conhecimento.
“Tampouco
a contratação de quem terminou seus estudos depende de suas notas, pois, tal
como mostram diversas teorias econômicas- mercado segmentado, conflitos pelo status, correspondência- a obtenção de um emprego
obedece a fatores totalmente independentes do processo escolar.”
(BARRIGA, 2003 pg 82)
As
notas que adquirimos em nossa vida acadêmica não ira importar para o mercado de
trabalho, este vai querer absolver de você os conhecimento que atribuiu para
exercer sua função no mercado.
“Podemos
concluir que a pedagogia, ao preocupar-se tecnicamente com os exames e notas,
caiu numa armadilha que a impede de perceber e estudar os grandes problemas da
educação.”
(BARRIGA, 2003 pg 82)
A
excessiva busca de melhorar o individuo melhorando suas notas, fez com que a
pedagogia fechasse os olhas para perceber as diferentes formas de inteligência
de cada individuo, e assim tentar resolver os problemas da educação.
Referencia
bibliográfica:
BARRIGA, Angel Diaz. Uma polêmica em relação ao exame. In:ESTEBAN, Maria
Teresa (Org.). Avaliação: uma pratica em busca de novos sentidos.
5.Ed.Rio de janeiro: DP&A,2003,p.51-82.
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